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Conheça a alma

A palavra alma, em alguns casos também traduzida como espírito (ψυχή – psique em grego significa “eu sopro”, derivada da palavra ψύχω – psýcho: soprar, esfriar mediante a sopro ou πνεῦμα – pneuma em grego, que significa fôlego, ar ou vento, também equivalente à ר֫וּחַ – ruach ou נָ֫פֶשׁ – nephesh em hebraico), se refere à vida, aos sentimentos e aos pensamentos e não a uma entidade que pode existir fora do corpo. Isso fica claro pelo texto de Mateus 2:20, onde a palavra psique é, em conjunto com o texto, traduzida como “procuravam a morte do menino” ou “atentavam contra a vida do menino”. O texto refere-se ao anjo que apareceu para José, e estava orientando-o a proteger a vida (psique) do menino Jesus, e não a “alma espiritual separada do corpo” como alguns acreditam e que não faria nenhum sentido para a história de Jesus. Em alguns textos, fica claro que a “alma” (traduzida em vários locais pela palavra vida) se alimenta de maneira física (Mateus 6:25, Lucas 12:22) e pode deixar de existir. Em outros textos, se fosse considerada a tradução de psique, ao invés de vida, como “alma espiritual separada do corpo” o texto ficaria com sentido negativo (Mateus 10:39, Mateus 16:25, Mateus 20:28, Marcos 8:35, Marcos 10:45, Lucas 9:24, Lucas 14:26, Lucas 17:33, João 10:11, João 10:15, João 10:17, João 12:25, João 15:13, 1 João 3:16), sendo incoerente com os escritos bíblicos.

O mesmo significado de psique é utilizado em outros textos e traduzida também como vida (Marcos 3:4, Lucas 6:9, João 13:37, João 13:38, Atos 20:10, Romanos 11:3, Apocalipse 8:9). Pneuma também é traduzida como espírito da mesma maneira (Mateus 27:50, João 19:30), em alguns casos a palavra é traduzida como vento e espírito ao mesmo tempo (João 3:8), ou sentimentos. Essa mesma abordagem é utilizada para a palavra psique (Mateus 26:38, Marcos 12:30, Lucas 1:46, João 10:24, João 12:27, Atos 14:2, Efésios 6:6, 1 Pedro 2:11) e pneuma (Mateus 5:3, Romanos 12:11, João 11:33, Atos 18:5, Atos 18:25, Atos 20:22, 1 Coríntios 4:21), indicando que o corpo separado da sua alma, do sopro de vida de sua essência, cessa de existir (sua pneuma morre: Tiago 2:26, seu ruach, fôlego, existe só com vida: Jó 27:3-4) e, em estado de morto, não se sabe de nada, não faz realizações e não se fala com ninguém (Eclesiastes 9:5, Eclesiastes 9:6, Eclesiastes 9:10, Salmos 115:17, Salmos 146:4). Nesse estado, o morto não vai para local nenhum, continua em sua sepultura (Jó 14:12, Jó 17:13), assim como Davi não foi aos céus e continua na sepultura (Atos 2:29, Atos 2:34) até a ressurreição no final dos tempos (Daniel 12:13, João 5:28, João 5:29, 1 Tessalonicenses 4:16). Essa ressurreição ainda não ocorreu (2 Timóteo 2:18). Esse conjunto vida (sopro) e corpo é conhecida como alma vivente (Gênesis 2:7), portanto, com a possibilidade de morrer (Ezequiel 18:4, Ezequiel 18:20), pois, somente Deus é imortal (1 Timóteo 6:16). É perigoso acreditar que a alma do ser humano vive para sempre, pois, a primeira mentira que foi proferida por Satanás é justamente a da imortalidade do ser humano, mesmo em desobediência e cometendo pecado, ou seja, a mentira da imortalidade da alma (Gênesis 3:4, Apocalipse 12:9).

Cristo diz que tanto o corpo, quanto a alma (psique) morre (Mateus 10:28). Há diversos textos que descrevem que a alma morre (nepheshGênesis 19:19, Números 23:10, Josué 2:13, Josué 2:14, Juízes 5:18, Juízes 16:16, 1 Reis 20:31, 1 Reis 20:32, Salmos 22:29, psiqueTiago 5:20). Podendo ser levada à cova (Jó 33:22, Salmos 89:48) ou não deixada lá (Salmos 16:10, Salmos 30:3, Salmos 49:15, Provérbios 23:14). Alma também pode ser decepada, eliminada ou destruída (nepheshGênesis 17:14, Êxodo 12:15, Levítico 7:20, Levítico 23:29, Josué 10:37, Salmos 78:50, Ezequiel 13:19, Ezequiel 22:27, psiqueAtos 3:23, Apocalipse 16:3), podendo ser morta até por espada (Ezequiel 33:6), estrangulamento (Jó 7:15) ou afogamento (Jonas 2:5).

Como a alma sem um corpo não está consciente e os mortos de nada sabem, Deus proibiu a consulta com mortos desde o princípio, e isso foi incluso nas leis de Moisés (Levítico 20:27) e é abominável para Deus (Deuteronômio 18:11, Deuteronômio 18:12), pois, Satanás pode simular tal aparição (2 Coríntios 11:14) e demônios podem realizar milagres desse tipo (Apocalipse 16:14, Mateus 24:24). Diferentemente do que se acreditava na cultura grega sobre os espíritos que existia entre o povo (Lucas 24:37), Jesus ressuscitou com Seu corpo de carne e osso (Lucas 24:39), inclusive se alimentando (Lucas 24:42, Lucas 24:43).

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Entenda sobre a morte dos animais egípcios

Há uma aparente contradição nos textos de Êxodo 9:3-6 e Êxodo 9:19-21,25, onde é citada a morte dos animais dos egípcios duas vezes, uma morte por pestilência e outra por chuva de granizo.

A palavra kol (em hebraico כֹּל), traduzida como todo, pode significar em grande quantidade, ou na maioria, segundo Strong e Thayer. Podemos comprovar isso nesse mesmo texto. Em Êxodo 9:3, constatamos que todo o gado de Êxodo 9:6 é uma generalização, pois indica que eram apenas os animais que estavam no campo e não nos currais, estábulos, casa, …:

Eis que a mão do Senhor será sobre teu gado, que está no campo, sobre os cavalos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois, e sobre as ovelhas, com pestilência gravíssima.
Êxodo 9:3

No primeiro texto, vemos que o gado dos filhos de Israel, que estavam no Egito não morreram por pestilência:

E o Senhor fez isso no dia seguinte, e todo o gado dos egípcios morreu; porém do gado dos filhos de Israel não morreu nenhum.
Êxodo 9:6

Os animais que estavam recolhidos, seguindo a mesma orientação dada em Êxodo 9:19 e Êxodo 9:3, não sofreram as consequências da praga de pestilência, nem pela chuva de granizo e há ainda a possibilidade de alguns animais terem sobrevividos à essa praga, devido ao uso da palavra kol. Além disso, entre a praga por pestilência e a chuva de granizo, os egípcios, provavelmente compraram animais dos filhos de Israel, já que eles haviam perdido uma grande quantidade de gado por pestilência (Êxodo 9:4,7).

Diferentemente da praga da pestilência, a chuva de granizo foi mais ampla, não apenas para o gado, mas para todos animais, servos e plantas (Êxodo 9:22,25). Por isso, após a praga da pestilência, haviam animais que sofreram a praga da chuva de granizo, esses animais, não eram apenas gado, e os gados que sofreram não estavam recolhidos, ou seja, estavam no campo, pois seus donos não ouviram a palavra do Senhor (Êxodo 9:19-21).

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Entenda sobre as diferenças no valor pago por Davi

Há uma aparente contradição nos textos de 2 Samuel 24:24, onde é dito que Davi pagou cinquenta ciclos de prata e 1 Crônicas 21:25, diz que foram seiscentos siclos de ouro.

Ciclo é uma medida de peso, entretanto, não é necessário esse tipo de informação para se desfazer a contradição, apenas que cinquenta ciclos de prata equivalem muito menos que seiscentos siclos de ouro.

Vejamos em detalhe o que foi que Davi comprou por cada valor:

Porém o rei disse a Araúna: Não, mas por preço justo to comprarei, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada. Assim Davi comprou a eira e os bois por cinqüenta siclos de prata.
2 Samuel 24:24

Nesse texto, vemos que o valor de cinquenta siclos de prata é relativo a eira, ou seja, um local de debulhar cereias, e os bois. Já no texto de 1 Crônicas:

E Davi deu a Ornã, por aquele lugar, o peso de seiscentos siclos de ouro.
1 Crônicas 21:25

O valor de seiscentos siclos de ouro, um valor bem maior, doze vezes mais de peso de ouro, em relação ao peso de prata (2 Samuel 24:24) é relativo ao local todo, provavelmente todo o monte Moriá, onde foi posteriormente construído o templo (1 Crônicas 22:1).

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Entenda sobre o local da tentação

Há uma aparente contradição nos textos dos evangelhos de Mateus 4:5-8, onde é dito que o diabo levou Cristo primeiro ao pináculo do templo e depois num monte alto para mostrar os reinos do mundo, com Lucas 4:5-9, onde é descrito em ordem inversa.

A primeira tentação de Cristo foi a de transformar as pedras em pão. Ambos os evangelhos concordam nessa descrição (Mateus 4:3,4, Lucas 4:3,4). As próximas tentações dependem da forma escrita de cada evangelho. Mateus descreve de maneira cronológica, enquanto Lucas por tópicos ou ordem de importância.

A ordem cronológica é clara em Mateus como podemos ver pelo uso da palavra “Então” (Τότε, em grego), indicando uma sequência de eventos:

Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,
Mateus 4:5

Outro indício é o uso da palavra “novamente” (Πάλιν, em grego), que provê uma ideia de tempo e sequência repetida de eventos:

Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles.
Mateus 4:8

Já no texto de Lucas ele inicia simplesmente com a palavra “E” (Καὶ, em grego) tanto no verso 5, quanto no meio do verso 9. Algumas traduções colocam a palavra “então” no verso 9, mas não está presente na versão em grego, sendo apenas presente em traduções. Com isso fica claro que os eventos ocorreram, mas não necessariamente em ordem:

E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo.
Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
Lucas 4:5,9

Com isso, as duas descrições concordam entre si. Elas possuem as três tentações vencidas por Cristo, mas Mateus descreve cronologicamente e Lucas de acordo com o climax do texto (há a possibilidade de ser ordem geográfica) sem se preocupar com a ordem temporal dos eventos, o que é comum em alguns textos das escrituras.

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Entenda as diferenças na declaração de exército

Há uma aparente contradição nos textos de 2 Samuel 24:9 e 1 Crõnicas 21:5, onde é citado números diferentes para contabilizar os exércitos de Israel e Judá:

Essa descrição é de um censo dado por Joabe. Esse censo (dados aproximados de contagem) feito nesse período, foi realizado de maneira oral. Por isso, o que foi descrito, foi passado de boca a boca e poderia causar inconsistências entre os livros, já que essa numeração não foi declarada no livro de registro das crônicas do rei Davi (1 Crônicas 27:24). O que foi registrado em cada livro, 2 Samuel e 1 Crônicas, foram dados aproximados, não finalizados, e não exatos como a própria bíblia declara em 1 Crônicas 27:24. Somente com essa informação já é possível explicar a falta de precisão entre os dois livros, já que a própria bíblia descreve que esses números não são exatos e conclusivos, sendo apenas estimativas orais.

Retirando a possibilidade de erro de cópia dos escribas e ignorando a possível inconsistência oral, pode-se haver, também, uma divergência na sumarização do censo. Em 2 Samuel 24:9, é citado que haviam para Israel 800 mil homens de guerra, que arracavam da espada, enquanto em 1 Crônicas 21:5 é citado sem a palavra guerra, apenas homens, dos que arracavam da espada. Com isso na contagem descrita no livro de 2 Samuel não seria contabilizada todas as tropas, somente os mais fortes, prontos para a guerra, enquanto que em 1 Crônicas foram contabilizadas todas as tropas, incluindo, soldados de fortificação, auxílio e guarda. Veja:

E Joabe deu ao rei a soma do número do povo contado; e havia em Israel oitocentos mil homens de guerra, que arrancavam da espada; e os homens de Judá eram quinhentos mil homens.
2 Samuel 24:9

O texto de 1 Crônicas não especifica que são somentes homens de guerra, mas todos os soldados, seja de guarda ou não, e portanto não tem a palavra guerra:

E Joabe deu a Davi a soma do número do povo; e era todo o Israel um milhão e cem mil homens, dos que arrancavam da espada; e de Judá quatrocentos e setenta mil homens, dos que arrancavam da espada.
1 Crônicas 21:5

A listagem da quantidade desses soldados permanentes, responsáveis por servir o rei (1 Crônicas 27:1) que não foram contabilizados encontra-se descrita em 1 Crônicas 27:1-15, dividida em grupos.

Já para a contagem da tribo de Judá, retirando a possibilidade de arredondamento na contagem, o que por se relato oral seria possível, em (1 Crônicas 21:5), não foi contabilizado os 30 mil homens responsáveis pela guarda permanente (2 Samuel 6:1). Observe a diferença também no final de cada versículo.

Com isso os dois relatos se complementam, o de 2 Samuel 24:9, contabiliza somente os soldados de guerra para Israel, contando os 30 mil soldados permanentes para Judá e o de 1 Crônicas 21:5, considera todos os soldados para Israel, incluindo os que serviam o rei, e remove os soldados da guarda permanente. Portanto, não há contradições entre os dois relatos bíblicos.